Vira e mexe, quando estou sozinha, dou um jeito de surtar e extravasar para não acabar fazendo isso perto de ninguém. Eu choro, desabo, me ergo e me desmonto, feito um castelo de cartas marcadas, ao menor sinal de ventania.

     Por exemplo, eu não sei odiar pouco. Quando estou com ódio eu pego fogo, sinto meu sangue arder nas veias e tenho uma enorme hemorragia interna. Escorre lava em mim.

     Quando amo, amo até doer. E eu não preciso de muita coisa pra amar alguém. Basta um colo, bom papo e um encontro de almas bacana que logo, logo eu estou suspirando pelos cantos. E eu não sei o que fazer com o amor. Ele é frágil como porcelana, mesmo quando há reciprocidade. Se dermos uma escorregada, ou segurarmos de maneira errada, ele se quebra em um milhão de pedacinhos.

     A tristeza também é uma grande incógnita pra mim, apesar de ser um dos meus sentimentos mais recorrentes. Ela me dilacera, rasga o peito e faz um grande rombo na alma. Fico com a garganta inteira tapada pelo choro e o corpo paralisado em pura melancolia. Tudo em mim para de funcionar, e eu não faço nada quanto a isso. Nem tento lutar contra ela. Deito-me em seu colo e choro o dia todo, como se ela fosse uma velha companhia, e de fato é.

     Essa questão, em específico, de não saber lidar comigo mesma e com tudo que se passa dentro de mim, faz com que eu me afaste de diversas pessoas e evite me relacionar com muitas outras.Eu não quero que ninguém se sinta obrigado a lidar com os demônios que eu mesma não aprendi a domar ainda. 

     Eu sou uma corda bamba pairando em cima de um enorme precipício, e eu não quero fazer ninguém perder o equilíbrio e despencar de mim em direção ao nada.

     A melhor maneira de colocar pra fora todas essas coisas sempre foi escrevendo, seja no diário que eu tenho há anos ou no caderno de matemática. A questão toda em volta disso, é que à medida que o tempo passa eu não sei se vou acabar me curando ou me destruindo em meio a todas essas palavras.

     A pior parte de sentir tanto é não saber o que fazer com isso, mas por ora resolvi me transbordar por aqui. Outra vez eu recomeço com meus textos.


~Gabby L.R~