Sempre senti que era uma pessoa difícil de ser amada. Por todos. 

É estranho o jeito como cada um passa por uma percepção de mundo, né? E pra mim sempre foi uma visão solitária.

Eu cresci sabendo me virar, sabendo ser ignorada, sabendo ficar trancada no meu próprio mundo e corpo. Não via o porque sair pra fora ou o porque botar a cara na janela. 

Até aquele dia maldito.

Há dias em que de fato não sinto nada. E há dias, como hoje em que me sinto a maior otária do mundo.

Eu não sei o que eu tinha na cabeça quando dei espaço pra afeto e amor. Eu sei que eram falsos, que não foram reais e eram só uma supressão do ego de alguém... Mas pareceram tão reais por um tempo. 

Eu não sinto falta de quem veio e foi, é falta da sensação de ser amada. De ter alguém do meu lado que estivesse disposto a ficar (era o que eu pensava na época. Agora sei que não era assim).

O que foi sentido não pode simplesmente ser apagado, mesmo que tenha sido um sentimento advindo de falácias.

Foi como se eu abrisse os olhos pela primeira vez. Foi como se alguém me enxergasse pela primeira vez. Como se eu existisse. Como conseguir me apoiar no chão ao invés de flutuar sem rumo por aí.

Eu sei que eu sou problema. Sei que eu sou difícil de ser amada. Sei que eu sou difícil de manter ao lado. Eu sei de todas essas coisas. Só que depois de sentir pela primeira vez como se fosse de fato importante e suficiente pra que alguém, eu não consigo deixar de pensar nisso.

E se alguém ficasse? 

E se tivesse alguém disposto?

E se alguém olhasse além da parte complicada?

Mas, se alguém de fato viesse... Eu ia deixar que chegasse mais perto?

~Gabby L.R~